Guarda-chuva em uma mão, flores em outra. Na voz, nos gestos e no olhar, a fé. A Romaria para Nossa Senhora de Guadalupe reuniu milhares de fiéis, entre crianças e idosos, que enfrentaram a instabilidade do tempo e saíram da Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula rumo à Cascata, na zona rural, em agradecimento à santa. A procissão é realizada há 31 anos em Pelotas. Desta vez, a celebração religiosa ocorreu durante o período do Jubileu da Misericórdia, que iniciou em dezembro de 2015 e será concluído em novembro deste ano.

A peregrinação em reverência à santa começou neste domingo, às 7h, com missa celebrada na Catedral. A partir das 8h, os devotos iniciaram carreata até a Cascata, onde foram recebidos pouco mais de uma hora depois, quando chegou ao local a imagem peregrina de Nossa Senhora. Com ela, veio a intensificação da chuva - que alcançou total de 64,3 milímetros. Para cumprir a caminhada até a colina do Santuário de Guadalupe os devotos driblaram também o barro e as poças d’água, formados no trajeto de chão de terra.

No Santuário, ao ar livre, após o momento de meditação das obras de misericórdia, houve a missa solene de ação de graças, celebrada pelo arcebispo da Arquidiocese de Pelotas, dom Jacinto Bergmann. Suas palavras reforçaram a importância de votos de fraternidade, humildade e paz. Com o terço firme ao pulso, a professora Sandra Ferreira, 58, participou de sua 31ª celebração. Ela foi de ônibus, acompanhada da comunidade religiosa do Santa Terezinha, e observou a chuva como um ponto positivo: “A chuva lava tudo de ruim. A gente está aqui por amor, porque só a fé nos ajuda a entender as falhas do homem. A eucaristia é nossa armadura”.

Emocionada, Marly Riff, 75, não descuidou do crisântemo que levou de presente a Nossa Senhora de Guadalupe. Este ano o ato foi ainda mais especial para a aposentada, que agradeceu à Guadalupe a cura de sua irmã Cláudia. “Ela não pôde vir comigo ano passado porque estava internada, teve pneumonia e infecção hospitalar. Rezei muito pra Nossa Senhora, mas achei que ela não ia conseguir”, sorriu, com a irmã, de 68 anos, este ano ao seu lado. “Vim aqui pra agradecer pela vida”, contou Cláudia.

Após a missa, ao meio-dia foi servido o almoço com partilha fraterna. As atividades da tarde foram antecipadas por causa da chuva da manhã. Em seguida da refeição, teve início a oração do rosário e o rito da passagem pela Porta Santa do Santuário de Guadalupe. Então, houve a benção especial aos romeiros e objetos religiosos. O ato de devoção à santa encerrou com o momento de celebração eucarística. A Ecosul, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), esteve em operação especial desde as 6h, na altura da Cascata. A Brigada Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também estavam a postos no local.